O 3º Grande Axioma:DA ESPERANÇA
Quando o barco começar a afundar, nãoreze. Abandone-o.O 2º Grande Axioma falou sobre o que fazer quando as coisas vão bem. O 3º Grande Axioma é sobre comoescapar quando vão mal.E não há a menor dúvida de que irão mal. Pode apostar. Pode contar como certo que mais ou menos a metadedas suas operações especulativas irão pro brejo antes de você alcançar a linha de chegada. Nos seus palpitessobre o futuro, vai errar a metade; a metade das suas opiniões sobre as forças econômicas serão equivocadas. Ametade dos conselhos que ouvirá serão maus.A metade das suas esperanças estão condenadas a não se realizaremMas, anime-se. Isto não significa que vai perder um dólar para cada dólar que vier a ganhar. Se fosse assim, onegócio todo perderia o sentido. Isto só é verdade com os incompetentes. Jogadores e especuladores bemsucedidostransam melhor as coisas. Em grande parte, progridem porque sabem o que fazer, sem hesitações,quando a maré se volta contra eles.Saber sair de uma situação complicada talvez seja o mais raro dos dotes especulativos. É raro por ser difícilde adquirir. Requer coragem, e um tipo de honestidade afiada como uma navalha. É uma habilidade quediferencia homens e mulheres de meninos e meninas. Há quem diga que é a peça mais importante doinstrumental de um jogador ou de um especulador.Uma pessoa que concordaria com isto é Martin Schwartz, ex-analista de valores que hoje se dedica em tempointegral a especular na bolsa de mercadorias para entrega futura. A maioria dos profissionais prefere dizer que“opera” no mercado, mas nós continuaremos com a nossa palavrinha: especulação. Em 1983, Schwartzaumentou espetacularmente o seu capital de risco em 175%. Foi o vencedor do Campeonato Americano deOperadores, uma disputa anual patrocinada pelas corretoras da Bolsa de Mercadorias de Chicago - e ficou bemmais rico. Perguntando sobre como obter resultados tão bons, Schwartz, ao responder ao New York Times, foidireto ao talento que considera essencial: “Vou lhe dizer como me tornei vencedor: aprendi a perder.”É mais ou menos a mesma coisa que se ouve nos cassinos. Quando perguntado sobre o que caracteriza umbom jogador de pôquer, Sherlock Feldman respondeu:- Saber passar.O amador fica na esperança de que suas cartas saiam, ou reza para que isso aconteça; o profissional estuda omeio de se safar quando não saem. Esta, provavelmente, a grande diferença entre os dois. Ajuda a explicar porque o profissional não tem dificuldade em viver do jogo, enquanto o amador quebrará a cara sempre que sentar àmesa para enfrentar profissionais.A incapacidade de abandonar rapidamente um barco que esteja afundando provavelmente custou maisdinheiro a especuladores que qualquer outro erro. É responsável, com toda certeza, pelo derramamento de maislitros de lágrimas do que qualquer outro acidente financeiro. Susan Garner, que não faz muito demitiu-se doChase para dedicar-se profissionalmente às especulações, diz:- Ficar preso numa operação perdedora deve ser a maior dor que o dinheiro é capaz de provocar.Hoje Susan faz muito sucesso, mas nem sempre foi assim. Custou a aprender as técnicas - principalmente aaprender a perder. Numa de suas primeiras operações, ele recorda, pagou 2.000 dólares por uma participaçãomínima num projeto imobiliário numa cidadezinha. Era um edifício comercial, numa comunidade meioadormecida que parecia prestes a despertar. Havia um projeto para passar uma importante rodovia federal pelaregião, beirando a tal cidadezinha. Graças à projetada estrada e a certos outros fatores econômicos e geográficos,todo mundo esperava que a cidade se transformasse em importante pólo comercial. Quando isto ocorre, osimóveis naturalmente costumam disparar - inclusive os prédios de escritórios. A especulação de Susan Garnerparecia promissora.Mas, como costuma acontecer, o futuro foi adiado. O projeto da rodovia teve problemas de financiamento.Cada vez que se falava dele era para anunciar novos adiamentos. A princípio, as autoridades informavam queestava adiado por um ano, mais ou menos; depois eram dois, três, cinco anos. Finalmente, encontrou-se umfuncionário valente, capaz de falar a verdade: honestamente, não sabia quando, nem se a estrada seria mesmoconstruída.A cada adiamento anunciado, a febre imobiliária arrefecia um pouquinho. O pequeno investimento de SusanGarner não tinha cotação diária nos jornais, mas ela não precisava de números exatos para saber que estavaficando mais pobre. Pensou em liquidar.- Haveria quem comprasse a minha parte - diz ela. - Mas eu teria de vender com prejuízo, e não tive coragem.Da primeira vez, quando anunciaram o adiamento de um ano, tentei me convencer de que estava tudo bem, queera só esperar um pouco, não passava de um contratempo. Bastava eu ter paciência, que logo a minha parterecuperaria o seu valor.Aí vieram as notícias de dois e três anos de adiamento. Um dos maiores condôminos do prédio, umadvogado, ofereceu 1.500 dólares pela parte de Susan Garner. Ela não conseguiu engolir a idéia de perder 500dólares - um quarto do seu capital - , e recusou. O camarada chegou a 1.600 dólares, e ela não vendeu.À medida que os adiamentos eram anunciados, o preço afundava. O advogado reapareceu, oferecendo 1.000dólares. Pouco depois, já eram só 800. Mais o preço baixava, mais Susan Garner sentia-se presa à sua pequenaparticipação.- Já não se tratava nem de esperança de recuperar os meus 2.000 dólares - diz ela. - Eu estava uma feracomigo por não ter aceitado os 1.500 que me haviam oferecido. E lá ficava eu, na esperança de que a situaçãomelhorasse, para não fazer um juízo tão mau da minha competência. Quanto mais caía o preço, mais teimosa euficava. Preferia a morte a ter de vender o meu investimento de 2.000 dólares por uns míseros 800!Enquanto seu capital ficava preso naquele mau negócio, a atenção de Susan era atraída por outrasespeculações. Queria dar uma volta pelo mercado de antigüidades, principalmente mobiliário; as ações a atraíam.Um amigo lhe ofereceu, por uma pechincha, um álbum de selos do século XIX, que acabara de herdar, e ela sesentiu inclinada a fazer negócio. O problema era que os 2.000 dólares presos naquele prédio eram o grosso doseu capital de risco. Até liberá-los, mal podia se mexer.- Resolvi, finalmente - conta -, que era ridículo deixar meu dinheiro congelado daquele jeito.Susan vendeu a sua cota por 750 dólares. E foi assim que veio a aprender a lição contida no 3º GrandeAxioma. Quando o barco começa a afundar, abandone-o.Atenção às palavras: quando começa a afundar. Não espere até a metade estar submersa. Não reze, nãoespere nada. Não cubra os olhos e fique ali tremendo. Olhe em volta e vela bem o que está acontecendo. Estude asituação. Pergunte-se se o problema que vê crescendo tem solução. Procure indícios confiáveis e tangíveis deque as coisas estão melhorando; não vendo nada no gênero, comece a agir, sem mais delongas. Calma edecididamente, antes que o pessoal todo entre em pânico, abandone o barco e salve a sua pele.Nos casos de mercados com pregão diário, ações, mercadorias a futuro etc., este conselho pode ser traduzidoem números. A regra de ouro de Gerald Loeb dizia que se deve vender quando o preço de uma ação cair entre10% e 15% em relação ao preço mais alto alcançado enquanto em seu poder. Não importa se, a essa altura, vocêestiver perdendo ou ganhando. Frank Henry se permitia margem um pouco maior, entre 10% e 20%. A maioriados especuladores tarimbados opera com regras muito parecidas. Em todos os casos, a idéia é cortar os prejuízoscedo. Aceite pequenas perdas, para se proteger das grandes.Para exemplificar, suponhamos que você comprou um papel a 100 dólares. O negócio começa logo a darerrado, e o preço cai para 85 dólares. Neste caso, o preço mais alto enquanto a ação esteve com você foi o dacompra, 100. Você está 15% abaixo desse nível, de forma que a regra manda vender. Não enxergando bonsindicadores de que vai melhorar, abandone o barco.Ou, tomemos um caso mais agradável. Você compra uma ação a 100, e ela salta para 120. Pronto, você achalogo que está para ficar rico. Que dia mais lindo! Um problema inesperado, porém, atinge a empresa, e a suaação volta aos 100. O que fazer? A esta altura, você já sabe como agir. Na ausência de ponderáveis razões paraacreditar que as coisas vão melhorar, venda.Saber agir, porém, é só a metade da batalha. Quando tentamos fazer como manda o 3º Grande Axioma, trêsobstáculos costumam erguer-se à nossa frente. Para alguns especuladores, são grandes, intimidantes obstáculos.Você tem de estar psicologicamente preparado para enfrentá-los. Mantendo a cabeça fria, conseguirá superá-losO primeiro obstáculo é o medo de arrepender-se - basicamente o mesmo medo de que tratamos no 2º GrandeAxioma. Nesta caso, o medo é de que perdedores virem ganhadores depois de você ter abandonado o barco.Isto acontece, e dói. Por exemplo: você comprou um pouco de ouro a 400 dólares a onça. digamos, e eledespenca para 350. Não enxergando bons motivos para ficar, você resolve absorver o prejuízo de 12% e vende.Nem bem se completa a transação, explodem seis novas guerras, quatro países sul-americanos declarammoratória, os países da OPEP dobram o preço do petróleo, as bolsas de valores despencam em todo o mundo, equem tem dólares sobrando corre a proteger sob o metal amarelo. O preço dispara e bate 800 dólares a onça. Ai!Pois é, dói demais. Cedo ou tarde, é provável que algo assim lhe aconteça. Não há como evitar. Essasreviravoltas da fortuna, porém, não acontecem todo dia. Com muito maior freqüência, uma situação ruimpermanece ruim, pelo menos por algum tempo. Os problemas que costumam causar quedas de preços em ativosespeculativos - ações, mercadorias, imóveis etc. - tendem a perdurar. Surgem lentamente, e vão-se com a mesmalentidão. Quase sempre, o correto é escapar assim que o preço mostra a primeira queda significativa.Há certas situações na vida, é verdade, nas quais o certo pode ser esperar passar o mau tempo. Quando hádinheiro no meio, porém, é muito raro. Se você deixar o dinheiro se entalar numa operação errada, e o problemaperdurar, talvez se passem anos até poder usá-lo de novo. Seu capital fica preso, quando deveria, isto sim, estartrabalhando para você, correndo atrás de outros negócios bons e lucrativos.O segundo obstáculo à implementação do 3º Grande Axioma é a necessidade de se abrir mão de parte de uminvestimento. Para alguns, é uma dor insuportável. Se valer de consolo, porém, posso lhe garantir que, com aprática, fica menos doloroso.Você está especulando com moedas, suponhamos, e apostou 5.000 dólares na lira italiana. Seu palpite furou,a taxa de câmbio voltou-se contra você, e o que dá para salvar do seu capital não passa de 4.000 dólares. Comonão há indícios decentes de que a coisa vai melhorar para o seu lado, o mais provável é que deva cair fora. Sóque estará abandonando 1.000 dólares. E é isto que dói.Para alguns, a dor é tanta que não conseguem. O instinto do pequeno especulador típico manda que eleagüente as pontas, na esperança de, um dia, recuperar aqueles 1.000 dólares. Se você não dominar esse instinto,jamais passará de um pequeno especulador típico, podendo mesmo chegar a ser um especulador falido. O jeitode recuperar os seus 1.000 dólares é tirar 4.000 do investimento que azedou, e pô-los em algo bom e produtivo.Se você especula dando certa garantia, a incapacidade de abandonar parte de um investimento vira umproblema duplamente grave. Usando dinheiro emprestado para aumentar o seu poder de fogo, a sua posiçãoespeculativa começa a ficar parecida com o mais deliciosamente torturante jogo do mundo - o pôquer.Vale a pena examinar um pouco essa semelhança. Na realidade, se você não conhece, terá grande vantagensem estudar o jogo de pôquer. Participe de alguns joguinhos de fim de semana, ou organize alguns entre amigos,com cacife baratinho. O pôquer serve para testar algumas características do ser humano em condições extremas.Há muito que aprender nesse jogo - sobre especulações e acerca de si mesmo.Quando se especula com recursos próprios - ou seja, quando não se usa dinheiro emprestado -, a vida érelativamente simples. Compram-se algumas ações, digamos, e paga-se à vista. Não há necessidade de fazerqualquer outro investimento, além deste. Se o preço das ações despencar e você ficar plantado, não querendoabrir mão do que quer que tenha perdido, ninguém tem nada com isso. A única coisa que acontece é você ficarali sentado, vendo o seu dinheiro encolher. Mas ninguém lhe pedirá para pôr mais dinheiro na operação.Agora vejamos o pôquer. No decorrer da mão, se quiser continuar na parada, você tem de ficar aumentando oseu investimento. Digamos que esteja pedindo flush. As probabilidades são contra você; provavelmente é umamão perdedora. Mas já pôs muito dinheiro no pote, e não consegue convencer-se a sair. Contra tudo o que lhedita o bom senso - além do 3º Grande Axioma -, resolve continuar.Esta, porém, não é uma especulação do tipo comum, à vista. Aqui trata-se de pôquer. Para prosseguir épreciso parar. Se quiser ver a carta seguinte, isso tem um preço. O jogo exige que, para proteger dinheiro velho,invista-se dinheiro novo sem parar.Especulador oferecendo certa garantia dá uma angústia parecida. Para adquirir um papel, o corretor lhefinancia uma determinada percentagem do seu valor. Essa percentagem financiada é determinada porregulamentos do governo, regras da própria Bolsa e do seu corretor. Para garantir o financiamento, as açõesficam hipotecadas com o corretor. Se cair o preço à vista do papel, cai junto o seu valor de garantia, é óbvio. Oque pode colocar você, automaticamente, como infrator das normas que regem as operações com garantia.Perceberá, então, a temida “chamada de garantia” - uma comunicação amistosa, porém inflexível, do seucorretor, oferecendo-lhe duas alternativas igualmente penosas: ou você comparece com dinheiro para cobrirgarantia dada, ou ele vende a sua posição.No fundo, você está exatamente na situação do jogador de pôquer. Se não quiser abrir mão de parte do seuinvestimento, tem de pôr dinheiro novo no pote.Geralmente, a reação mais correta é a disposição de abandonar o barco. Se não sentir, e não for capaz decultivar essa disposição, especulações de qualquer espécie serão difíceis para você; com garantia, então, podemser desastrosas.O terceiro obstáculo à implementação do 3º Grande Axioma é a dificuldade de admitir que você errou. Areação das pessoas a esse problema varia muito. Para alguns, é só uma bobagem; para outros é o maior dosobstáculos. Mulheres parecem reagir melhor que homens, os mais velhos melhor que os jovens. Não tenhoexplicação para isto, não conheço quem tenha, nem mesmo entre os que dizem ter. O fato é que, para muitos, éum grande obstáculo, e vamos parar por aí. Se achar que vai atrapalhá-lo, o jeito é um pouco de auto-análise, etratar de achar o jeito de lidar com o problema.Você faz um negócio, dá errado e o jeito é cair fora. Para isto, porém, tem de admitir que errou. Tem deadmiti-lo para o seu corretor, o seu banqueiro ou para quem quer que seja a pessoa com quem está operando;talvez para a sua mulher e outros membros da família, e, pior que todos, quase sempre, para você mesmo. Temde se postar diante do espelho, olhar-se bem nos olhos, e dizer: “Errei”.Para alguns, é intoleravelmente penoso. O perdedor típico tenta escapar a essa punição e, em conseqüência,costuma ser apanhado pisando em falso, em maus negócios. Quando compra alguma coisa cujo preço passa acair, ele se agarra ao que comprou na esperança de que fatos futuros venham a lhe dar razão. “Essa queda é sótemporária”, pensa - e talvez até acredite nisso. “Eu estava certo ao entrar nesta especulação. Seria tolo sair sópor causa deste mau começo. Vou esperar. O tempo provará como eu sou sabido!”O seu ego já está garantido. A necessidade de dizer que estava errado foi contornada. Ele pode continuaracreditando que é sabido.A sua conta bancária, porém, contará a verdadeira história. Dali a anos, quem sabe, o investimento é atécapaz de dar a volta e retornar ao seu valor original, ou mesmo se valorizar, e ele então, exultante, dirá, sentindosevingado:- Eu sabia que tinha razão!Mas será que tinha mesmo? Os anos todos que o dinheiro passou estagnado poderia estar trabalhando.Poderia ter duplicado, até mais. Em vez disso, está onde estava quando o triste episódio começou.Recusar-se a aceitar que está errado é a mais errada das reações possíveis.4º AXIOMA MENORAceite as pequenas perdas com um sorriso, como fatos da vida.Conte incorrer em várias, enquanto espera um grande ganho.Idealmente, deveríamos agradecer as nossas pequenas perdas, porque elas nos protegem das grandes. Masseria pedir muito. Agradecer uma perda? Jamais conheci ninguém capaz disto, ou que tivesse feito. Em todocaso, se não somos capazes, ao menos podemos aceitar essas pequenas perdas com elegância.Elas são, realmente, excelente proteção. Se você tem o hábito de cortar seus prejuízos da maneira comovimos discutindo, é difícil que venha a se machucar gravemente. A única maneira de ser apanhado num desastreno mercado é de surpresa, vendo-se, de repente, na situação de não conseguir vender quando precisa. Podeacontecer em algumas áreas de especulações líquidas, como imóveis ou antigüidades, onde você tem de seproteger estudando cuidadosa e constantemente as oscilações dos mercados. Nos mercados diários - ações,mercadorias a futuro etc. -, é mais difícil sofrer um desastre. Quase sempre você encontrará alguém fazendomercado para o que estiver querendo vender.Crie o hábito de aceitar pequenas perdas. Se uma operação não funcionar, caia fora e saia para outra. Nãofique sentado num barco afundando. Não se deixe apanhar em ratoeiras.“Quem espera sempre alcança”, diz um antigo provérbio chinês. Se os chineses antigos realmenteacreditavam nisso, não devem ter sido bons especuladores. Você, certamente, não deve acreditar; ao menos noque se refere ao mundo do dinheiro; é uma grossa besteira. Se ficar esperando que operações que só deramprejuízos melhorem, estará condenado a freqüentes decepções - e à pobreza.A atitude mais produtiva - e que, sabidamente, não é fácil de adotar - é aceitar as pequenas perdas assimcomo se aceita qualquer outra circunstância menos agradável da vida financeira; como se aceitam, por exemplo,os impostos e as contas de luz. A lenga-lenga de todo ano com a Receita Federal não tem a menor graça, masninguém morre por causa disso. Apenas se diz: “Tudo bem, vamos lá, faz parte da vida. É o preço.’’ Tenteencarar as pequenas perdas por esse mesmo ângulo. São parte do custo da especulação. Através delas é que secompra o direito de esperar os grandes ganhos.Alguns especuladores preparam-se com antecedência para as pequenas perdas, usando ordens Stop-loss. Sãoordens de caráter permanente que se dão ao corretor, para limitar perdas; por exemplo, se uma ação pela qual sepagou 100 dólares descer a 90, ou qualquer outro nível que se tenha determinado, ele a venderáautomaticamente.Há quem ache isso bom, há quem não ache. A grande vantagem é que esse tipo de ordem poupa você daangústia de ter de decidir quando vender. Deixa-o preparado para aceitar uma perda, se e quando ocorrer. Vocêpensa: ‘’Tudo bem, vou entrar nessa parada com 10.000 dólares. O máximo que eles podem encolher é até 9.000,menos as taxas de corretagem.’’ É bom. Com o tempo, e com sorte, você acaba pensando em 9.000 como a base.Se o corretor tiver de vender a posição, você nem sentirá que perdeu algo significativo.A desvantagem é que as ordens no stop-loss roubam a sua flexibilidade. Haverá situações em que vocêachará sensato descarregar o papel a 90; mas outras ocorrerão em que faria mais sentido esperar até 85. Dandouma ordem desse tipo, a tendência é deixar de pensar.Esse serviço só existe para certas operações - ações e mercadorias, por exemplo - , e muitas corretoras só oprestam para contas acima de um certo volume. Se você especula com moedas ou antigüidades, só há umapessoa no mundo capaz de ajudá-lo a decidir sobre quando aceitar ou não um prejuízo: você mesmo.Na minha opinião, é melhor operar sem mecanismos automáticos que decidam as perdas. Em vez disso, use asua própria capacidade na hora das decisões difíceis, e vá ao fundo do poço. Vai se espantar de como um poucode treino o deixará tarimbado - o que será uma vantagem a mais numa vida que implique aceitação de riscos.Você e sua conta bancária podem acabar crescendo juntos.Estratégia EspeculativaO 3º Grande Axioma diz que não é para ficar parado, estático, quando surgem problemas. Diz para cair forarápido.Não reze, não alimente esperanças. Esperanças e orações são ótimas, não há dúvida, mas não fazem parte doinstrumental do especulador.Ninguém acha fácil obedecer aos ensinamentos deste Axioma duro e prático, sem sentimentalismos.Examinamos três obstáculos à sua implementação: medo de arrepender-se, incapacidade de abrir mão de parte deum investimento, e a dificuldade de admitir erros. Você pode ser vítima de um ou mais desses problemas, etalvez em níveis sérios. Mas vai ter de resolvê-los, de algum modo.Os Axiomas tratam de especulação, não de auto-análise, de forma que nada têm a oferecer sobre como vocêhá de superar tais obstáculos. Isto é um processo íntimo, pessoal, provavelmente, esse como é diferente em cadacaso. O 3º Grande Axioma limita-se a dizer que saber perder é essencial para o especulador. É parte da técnicado jogo. O fato de a maioria não conseguir aprender essa técnica é uma das principais razões por que existem tãopoucos bons especuladores e jogadores.
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