quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O 12º Grande Axioma: DO PLANEJAMENTO

O 12º Grande Axioma:DO PLANEJAMENTO

Planejamentos a longo prazo geram a perigosa crença de queo futuro está sob controle. É importante jamais levar muito a sérioos seus planos a longo prazo, nem os de quem quer que seja.George e Martha conheceram-se e casaram-se na década de 40. George era contador, empregado numpequeno escritório de contabilidade. Martha era secretária numa corretora de seguros. Como era o costume daépoca, pouco depois do casamento Martha largou o emprego e foi ser dona de casa e mãe de família. O salário deGeorge não era tão grande, mas era estável, como ele. O mundo parecia um lugar seguro e aconchegante. Paratorná-lo ainda mais seguro e mais aconchegante por sugestão do pai de Martha, pequeno comerciante, o jovemcasal foi visitar um conselheiro de finanças e montou um Plano a Longo Prazo.Considerava-se isto uma coisa prudente, sensata e perfeitamente admirável de se fazer; até hoje pensa-seassim. Como dizem os grandes sábios, todo casal jovem deve ter um plano. As pessoas que tinham planos e asque não tinham eram comparadas à cigarra e à formiga da fábula de Esopo. A severa e prática formiga trabalha overão inteiro, pensando no inverno que vem pela frente, enquanto, sem planos, a cigarra se deixa ficar ao sol,cantando. No final, como se sabe, a pobre e velha cigarra tem de ir lá, chapéu na mão, mendigar comida,enquanto a formiga tem o prazer de dizer:- Pois é, bem que eu avisei...Na vida real, porém, o mais das vezes é a formiga que acaba com o seu formigueiro fumigado, ou arrasadopor um trator. Isto é o que acontece com quem tem raízes (ver o 6º Grande Axioma), e, em boa parte, as raízesnascem dos planos a longo prazo. A cigarra, viajando mais leve, muda o rumo do vôo e sai da frente.Atualmente, George e Martha estão pelos sessenta e poucos anos, aposentados. E praticamente quebrados. Seviverem muito mais, acabarão totalmente quebrados, durinhos, vivendo da caridade pública. Praticamentenenhum dos elementos do plano a longo prazo deles funcionou como deveria.Na década de 40, achavam que gostariam de aposentar-se com uma renda de 700 dólares por mês, contando apensão privada e a do governo. Isto dá 8.400 anuais, quantia que nos anos 40 era dinheiro que não acabava mais.Na realidade, na maioria das classificações de renda, o nível mais alto costumava ser ‘’7.500 dólares ou mais’’.Ninguém conhecia quem ganhasse acima disso.Hoje em dia, lógico, dependendo do lugar, 700 dólares por mês são suficientes para pagar o aluguel de umsala-e-quarto, mas não para comer no mesmo mês. Se você insistir em se alimentar, e ainda quiser dinheiro parase vestir, para contas médicas e outras despesas, aí já tem problemas.O plano a longo prazo de George e Martha incluía a compra de uma casinha na qual viveriam aposentados,felizes para sempre. Comprariam a casinha à vista, a fim de não terem de se preocupar com prestações todo mês.Tendo isto em mente, o plano previa que teriam economizado, ao atingirem 65 anos, 20.000 dólares. Nos anos40, com 20.000 dólares você comprava duas casas e ainda sobrava troco para um carro. O plano não contavaque, nos anos 80, o que então era um dinheirão mal compraria uma casinha de cachorro.De qualquer forma, George e Martha não têm os 20.000 dólares. A caminho da pobreza, foram atingidos poralgumas despesas inesperadas (acontece com todo mundo) a alguns infortúnios (idem). Em meados da década de60, o patrão de George foi apanhado numa briga complicada envolvendo a falsificação do balanço de algumasempresas, e perdeu o escritório de contabilidade. O emprego de George foi para o espaço, e junto foi-se o planode aposentadoria privada do nosso personagem. Depois de longa busca, ele conseguiu outro emprego, masjamais chegou perto de 700 dólares de aposentadoria mensal que ele e Martha planejavam. Depois de seaposentarem, tiveram de recorrer às suas economias. Embora as reservas de que dispõem sejam remuneradascom juros três vezes maiores que o previsto (nos anos 40, juros de 2% ou 3% eram a regra), o capital delesderrete-se a olhos vistos.Moram num apartamentinho que não dá para nada, vivem de feijão enlatado, e passam a maior parte dotempo perplexos, se perguntando o que foi que aconteceu.Duas coisas: planejamento, e em seguida o inesperado.George e Martha prenderam-se demais ao seu plano. Deitaram raízes nele. Na sua cinzenta carreira, Georgeteve várias oportunidades de entrar por caminhos muito mais promissores. Um amigo, por exemplo, convidou-opara um negócio juntos. O amigo queria montar um escritório de contabilidade de sociedade com George. Esseescritório, e esse amigo, hoje estão muito prósperos. Quando a oportunidade apareceu, porém, George morreu demedo. O risco parecia demais. Ele e Martha se esconderam no aconchego conforto do seu plano. Achavam quenão precisavam correr nenhum risco. A vida deles estava todinha planejada. O plano garantia-lhes velhiceconfortável, uma casinha e uma pequena renda. Com esse pássaro na mão, para que dois voando?Foi assim que eles se deixaram embromar pelo seu próprio plano a longo prazo. Não lhes passou pela cabeçaque o pássaro que acreditavam ter na mão iria bater asas e voar.Como diz o 12º Grande Axioma, planejamentos a longo prazo geram a perigosa crença de que o futuro estásob controle. Poucas crenças são mais perigosas do que esta.Olhando à frente, mal consigo divisar a estrutura básica da semana que vem. A continuidade dosacontecimentos só dá para isto. Numa quarta-feira, talvez, posso me sentar e armar algum tipo de planejamentofinanceiro para a quarta-feira seguinte. Com certa margem de erro, sou capaz de uma previsão razoavelmenteconfiável do valor dos meus investimentos e dos da minha mulher – ações, imóveis, contas bancárias, prata etudo o mais – daqui a uma semana. Mesmo um plano ou uma previsão destas pode acabar de modoridiculamente errado, é claro. Tanto quanto sei, a Bolsa pode despencar antes da quarta-feira que vem. Eu possopassar com o carro em cima do dedão de alguém, e levar pela proa um processo que me arranque até o últimoníquel, sei lá. De qualquer forma, para um plano de sete dias eu ainda me garanto. A visibilidade não é lá essascoisas, mas dá-se um jeito.Um mês à frente, e a visibilidade cai muito; um ano, e já está quase tudo opaco. Dez anos... vinte... Bem, aí jánão se enxerga é mais nada. Nem formas vagas, nem contornos, nada, nada mesmo. É como tentar, em Londres,pela madrugada, enxergar através daqueles nevoeiros que os ingleses chamam de ‘’sopa de ervilha’’. Étotalmente impossível saber o que virá pela frente.E se você não consegue enxergar o objetivo do seu plano, como vai traçar um plano inteligente?Planejar para um futuro que não se vê? Para mim isto parece grossa bobagem. Contudo, vendedores deseguros de vida, assessores de investimentos e demais especialistas vivem insistindo que é isso mesmo que vocêtem que fazer, e inúmeras famílias, principalmente famílias jovens, continuam a fazê-lo. Como no tempo deGeorge e Martha, até hoje ainda acham que é muito louvável fazer planejamentos a longo prazo. E os resultadoscontinuarão sendo mais ou menos os mesmos.Um planejamento é uma ilusão de ordem para toda a vida. Economistas, assessores financeiros e o pessoalque vende planos de aposentadoria privada para daqui a vinte anos, falam como se o mundo do dinheiro fosseum lugar da maior ordem, no qual as mudanças se processam lenta e previsivelmente, como uma árvorecrescendo. Espiando o próximo século, enxergam um mundo financeiro exatamente igual ao nosso, mais igualaté. Maior, mais automatizado, mais isto, mais aquilo. Chegam a essas tranqüilizadoras conclusões observandoas tendências que caracterizam o nosso mundo, hoje, e jogam essas tendências para o futuro. Tudo muitoorganizadinho, e aí dá para cozinhar uma porção de planejamentos a longo prazo.O que esses planejadores esperançosos esquecem, ou preferem ignorar, é que o mundo do dinheiro se parececom uma árvore crescendo, mas só num sentido muito limitado. É ridículo achar que simplesmente examinandoseas tendências de hoje pode-se enxergar o mundo futuro. Nos próximos vinte anos, algumas dessas tendênciascertamente desaparecerão, ou virarão ao contrário. E ninguém é capaz de dizer quais. Tendências completamentenovas surgirão, aparecerão fatores com os quais a gente nem sonha hoje. Eventos totalmente imprevisíveis nosapanharão de surpresa. Mercados subirão explosivamente, outros simplesmente explodirão, revoluções, guerras,falências, calamidades: quem é capaz de dizer o que vem pela frente?O mundo no qual serão conduzidos os seus assuntos financeiros, daqui a vinte anos, está oculto por trás deuma cortina que não deixa passar nem uma réstia de luz. Não se pode saber nem se existirá um mundo dodinheiro, se existirá o dólar, ou o que comprar com um dólar.Isto posto, não faça nenhum plano a longo prazo, nem deixe ninguém fazer por você. Só serviria paraatrapalhar. Em vez disso, viaje leve feito a cigarra. Em vez de tentar organizar a sua vida para acomodar coisasimprevisíveis, no futuro, reaja aos fatos à medida que forem surgindo, no presente. Quando enxergar umaoportunidade, corra atrás; quando vir o perigo, dê o fora.No que se refere a dinheiro, tudo que precisa, em matéria de planejamento a longo prazo, é da intenção deficar rico. Como, exatamente, é algo que você não pode saber, a não ser nas linhas mais genéricas. Eu gosto deações, e geralmente estou afundando melas até as orelhas. O meu como, então, presumo eu, terá algo a ver comessa área de especulação. Mas é só isto que sei sobre o meu futuro financeiro, e é só isto que eu tentarei saber. Oúnico tipo de preparação que posso fazer para o século que vem, portanto, é continuar estudando o mercado,continuar aprendendo, melhorando. Se dá para chamar uma coisa tão vaga como esta de plano, tudo bem, é issoaí que é o meu plano.O seu deve ser igualmente solto, sem amarras. Decida-se a aprender tudo que houver para aprender sobre osnegócios que mais o atraem. Porém, jamais perca de vista a probabilidade... não, a certeza, melhor dizendo, deque o seu meio especulativo e as circunstâncias que o afetam se modificarão de forma que não é capaz deimaginar agora. Não se deixe prender, não deite raízes como a formiga; não queira ser uma vítima potencial dotrator do destino.16º AXIOMA MENORFuja de investimentos a longo prazo.Um executivo da União de Bancos Suíços, casa paterna de Frank Henry, contou-me a triste história de umainvestidora a longo prazo, Paula W. (pseudônimo), que foi praticamente arrasada pelo já mencionado trator dodestino.Paula começara a sua vida adulta como operária de uma linha de montagem da Ford. Valendo-se dosgenerosos programas educacionais da empresa, abriu caminho até os níveis gerenciais. Ao longo do percurso foiacumulando alguns milhares de ações ordinárias da Ford. O marido morreu quando Paula tinha cinqüenta epoucos anos, deixando-a proprietária de uma grande casa num subúrbio de Detroit, e de um apartamento naFlórida, imóveis que agora já não a interessavam mais. Resolveu vender os dois, fazer um acordo com a Fordpara antecipar sua aposentadoria, pôr todo o seu dinheiro em ações dessa empresa e viver feliz para sempre,recortando cupões de dividendos.Tudo isto ocorreu no final dos anos 70. A essa altura, a Ford pagava um dividendo de 2,60 dólares por ação.Juntando as ações novas com as que já possuía, Paula ficou com umas 20.000, que rendiam, então, cerca de52.000 dólares por ano. Esta cifra era totalmente taxável pelo Imposto de Renda (exceto dedução de 100 dólares,permitida pelo generoso governo); suplementada, porém, pela pensão que recebia, era o bastante para a nossaPaula viver confortavelmente, em segurança.A sua corretora telefonou-lhe uma ou duas vezes alertando para os problemas que pareciam estar se armandona indústria automobilística. A mulher sugeriu que talvez fosse uma boa idéia vender as ações antes que ascotações caíssem. Se Paula estava interessada principalmente em renda, por que não considerar trocar deposição, comprar alguma boa companhia de serviço público? Tradicionalmente, essas companhias distribuíamgrande parte das suas receitas sob forma de dividendos. Os preços dos papéis não se mexiam muito, mas osdividendos andavam geralmente na faixa de 9% a 15% - duas ou três vezes mais do que pagavam outrascompanhias.Mas Paula disse que não, que preferia continuar com Ford. Conhecia a empresa, confiava nela, sentia-seconfortável com aquele papel. Quanto a uma possível queda de preço, não a preocupava. Era um investimento alongo prazo. Não tinha intenção de vender em futuro próximo. A não ser uma ou duas vezes por ano, nem olhavao jornal para saber a quantas andava. Subiu um pouquinho, desceu um pouquinho – para que iria ela se chatear?Estava acima dessas miudezas. Das suas ações, só queria um belo cheque gordo a cada trimestre. Fora isto, disseela à corretora, desejava-as trancadas num cofre e esquecidas.Em 1980, a Ford reduziu o seu dividendo de 2,60 dólares por ação/ano para 1,73. A renda de Paula caiu para34.600 dólares.Conforme vimos em outro contexto, em 1980 os problemas da indústria automobilística começaram a seagravar, inclusive os da Ford. Paula deveria ter saído muito tempo antes, mas deitara raízes.Em 1981, o dividendo da Ford foi reduzido a 80 centavos de dólar, e Paula recebeu 16.000 dólares nesse ano.No ano seguinte, a Ford não pagou dividendo nenhum. Paula, desesperada, durante esse ano triste teve devender cerca de 4.000 ações, a fim de fazer dinheiro para viver e pagar dívidas acumuladas. A essa altura,naturalmente, a cotação das ações estava horrivelmente baixa. Ela foi obrigada a vender por muito menos do quetinha comprado.Em 1983, a Ford começou a sair do buraco. Declarou um dividendo de 50 centavos de dólar. No começodesse ano, sobravam a Paula apenas 16.000 ações, e ao longo do ano ela teve de vender outras 2.000. Seusdividendos, em 1983, ficaram por volta de 7.000 dólares.Em 1984 as coisas se apresentaram um pouco melhores. A Ford pagou dividendos de 1,20 dólar. Com as14.000 ações que lhe restavam, Paula recebeu 16.800 dólares. Manteve-se viva, mas não fora isto que anteciparano seu planejamento a longo prazo.Jesse Livermore escreveu: ‘’Acredito que o dinheiro perdido em especulações (de curto prazo) é umaninharia comparado às gigantescas somas perdidas pelos assim chamados investidores, que deixam seus capitaisempatados durante muito tempo num só negócio. Do meu ponto de vista, os investidores (de longo prazo) são osgrandes jogadores. Fazem uma aposta, plantam-se nela e, se der errado, podem perder tudo. O especuladorinteligente agirá rapidamente, mantendo as suas perdas num mínimo’’.Conforme já vimos, Livermore não teve 100% de sucesso como especulador. Não apenas ganhou quatrofortunas, como as perdeu, e, finalmente, por alguma tragédia pessoal, perdeu a vida. Mas quando o seu motorespeculativo estava em ordem e bem lubrificado, ele parecia um Rolls-Royce. Valia a pena escutar.Vamos, então, prestar atenção a esta sua sentença básica: ‘’Os investidores (de longo prazo) são os grandesjogadores.’’É a pura verdade. Apostar no amanhã já é um risco. Apostar num dia daqui a vinte ou trinta anos é loucuratotal.Investimentos a longo prazo, como tantos outros procedimentos falaciosos que já vimos, têm lá os seusencantos. O maior deles, talvez, é que o aliviam de ter de tomar decisões freqüentes e talvez penosas. Você tomauma só – ‘’ compro isto e esqueço’’ – e relaxa. Isto atrai os preguiçosos e os covardes – e nós todos temos muitodestas qualidades. Além do mais, o fato de termos um pé-de-meia acoplado, como a maioria dos pés-de-meia, aalgum plano a longo prazo, dá um enorme quentinho na barriga, uma sensação de pura felicidade. A vida estátodinha planejada! Nada pode lhe acontecer! Pelo menos é o que você pensa.Outra beleza dos investimentos a longo prazo é o que você economiza em comissões de corretagem. Quantomais você entra e sai de coisas como ações, moedas ou imóveis, mais pagará de comissões e outras despesas etaxas. No caso de imóveis, onde as comissões são significativas, isto pode ter importância, mas, na maioria dosoutros negócios que envolvem corretores, é pouco mais que a picada de um mosquito. Mesmo assim, há muitosinvestidores a longo prazo que se valem da história das comissões como justificativa para a sua imobilidade.O seu corretor preferia que você fosse um especulador do tipo ligeiro, que entra e sai rapidinho, em vez dotipo coqueiro, que fica plantado. Quanto mais você se mexer, mais o seu corretor ganha. Neste caso, o interessedele coincide perfeitamente com o seu.Não deite raízes. Cada investimento deve ser reavaliado no mínimo a cada três meses, tendo de justificar-senovamente. Pergunte-se sempre: ‘’Se este investimento me fosse oferecido hoje pela primeira vez, eu poria omeu dinheiro nele? Está marchando na direção da posição de saída que eu estabeleci?’’Isto não quer dizer que você deve ficar pulando de galho em galho, só pela farra. Mas se as circunstâncias semodificaram depois que fez o investimento, se ele vem caindo, se a posição de saída está ficando mais longe emvez de mais perto, se você vê outra coisa que, à luz das novas circunstâncias, parece evidentemente maispromissora, pule.A pressão para se ficar plantado num pé-de-meia não vem apenas da nossa covardia, preguiça ou outroproblema íntimo qualquer. O mundo à nossa volta também aplica uma pressão enorme.Muitas grandes empresas de capital aberto, por exemplo, oferecem arranjos aparentemente atraentes, pelosquais os empregados podem investir nas suas próprias ações. Você assina um papel se comprometendo a investirtanto por mês, e, para facilitar, algumas empresas descontam em folha e compram as ações em seu nome. Vocênem vê a cor do dinheiro. Um investimento sem dor!É o que lhe dizem, pelo menos. O que esse tipo de negócio faz é arraigar você num lugar onde, quem sabe,você nem queira ter sempre as suas raízes. Qual teria sido o sentido, por exemplo, de ficar preso numinvestimento a longo prazo em GM, nas duas últimas décadas? Em 1971, o papel era negociado acima de 90dólares. Desde então, não chegou nem perto.Corretores e outros agentes da várias formas de especulação oferecem o que geralmente chamam de planos‘’convenientes’’ de investimento mensal. Para comprar o que determinou, você entra com tanto por mês. Isto nãoo prende, inexoravelmente, num investimento a longo prazo, mas a tendência é essa. O risco neste tipo deinvestimento é que ele o estimula a bolar um plano a longo prazo: ‘’Então, vamos ver. Se eu investir tanto pormês em Oba-Oba Computadores e se o preço da ação aumentar, modestamente, 10% ao ano... Puxa, quando eufizer 65 anos terei tantos milhares de dólares! Estarei rico!’’Não conte com isso, meu amigo.Vendedores de fundos mútuos acenam com dezenas de atrativos diante dos seus esbugalhados olhos. Essepessoal também tem os seus convenientes planos mensais. Você receberá lindos gráficos a quatro cores,mostrando por A mais B como teria sido inteligente você ter-se agarrado com os planos deles pelos últimos vinteanos. Ou, se o desempenho deles tiver sido tão miserável que não há gráfico a quatro cores que dê jeito, terãooutros gráficos, igualmente bonitos, mostrando o deslumbrante futuro que você terá de assinar nesta linhapontilhada aqui.Temos, também, a indústria do seguro de vida. Este é um mundo espantosamente complexo. Para irmos aocerne da questão, porém, diremos que existem dois tipos de seguro de vida: o que o prende num investimento alongo prazo e o que não o prende. Fuja do primeiro.Seguro de vida com investimento a longo prazo – às vezes chamado de vida ‘’total’’, mas que tem umaporção de outros nomes – pode acabar de duas maneiras: dá um bom dinheiro aos seus herdeiros, no caso devocê passar desta para a melhor, ou paga-lhe uma anuidade, ou numa bolada só, caso você se mantenha no jogoalém de certa idade. Sob todas as suas mais variadas formas – e bota variadas nisso -, uma coisa não mudanunca: custa os olhos da cara.O vendedor, sobriamente vestido, delicado, que espalha aqueles folhetos diante dos seus olhos e fala comtemor reverencial em planos a longo prazo, sinceramente deseja que você compre este tipo de seguro de vida. Sevocê embarcar, ele fatura uma burra duma comissão. Ele está a fim de ver você comprometer o seu rico dinheiropor vinte ou trinta anos; para ele, porém, o negócio é a prazo muito menor que para você. Muito provavelmente,é o do tipo ‘’comissão de frente’’, ou seja, já nos dois ou três primeiros anos do seguro ele recebe uma boa partedas comissões sobre esses vinte ou trinta anos.O seu principal ponto de venda será que você não está comprando, está investindo. Se andar tudo direitinho,você acabará recebendo de volta o que tiver colocado, ou boa parte. Enquanto isso, se esticar as canelas antes doplanejado, a sua família estará protegida. Beleza, não?Não. O que esse vendedor está querendo que você faça é pura loucura. Ele quer que você invista milhares dedólares, ao longo de um período de alguns anos, contra um futuro muito, muito distante. E como é que você sabecomo será o mundo no futuro? Aí sentado, hoje, como pode saber que daqui a dez ou vinte anos estará a fim deinvestir num esquema de anuidade como este? Quem sabe se o mundo não vai mudar de tal maneira que essasanuidades não valerão mais nada? Então, para que se prender a tal esquema?Se tem dependentes que, sem você, terão problemas financeiros, proteja-os comprando as formas maisbaratas de seguro de vida. Só pagam se você morrer, mas essa é que é a idéia. Você não se prende a nada. Sechegar um momento em que os seus dependentes já não precisam mais de você, ou se outras mudançasocorrerem na sua vida, você simplesmente para de pagar o prêmio, e tudo bem. Enquanto isso, como os prêmiossão baixos, você fica com dinheiro para investir em outras coisas mais interessantes que seguros de vida.Tudo o que você pode saber sobre o futuro é que, quando chegar, chegou. Não dá para ver a cara que terá,mas você pode ao menos se preparar para reagir às suas oportunidades e acasos. Não tem a menor graça ficar aíparado e esperar que ele o atropele.Estratégia EspeculativaO 12º (e último) Grande Axioma adverte para a futilidade e os perigos de se planejar para um futuro que nãose pode enxergar. Não deite raízes em planos ou investimentos a longo prazo. Em vez disso, reaja aos fatos àmedida que eles se apresentam, no momento. Ponha o seu dinheiro em negócios, também à medida que seapresentam, e tire-os dos riscos assim que tais riscos apareçam. Valorize a liberdade de movimentos que lhepermitirá agir assim. Jamais assine qualquer papel que comprometa essa liberdade.O 12º Grande Axioma diz que só existe um plano financeiro a longo prazo de que você precisa: o plano deficar rico. Não dá para saber nem para planejar o como. Tudo que você tem de saber é que irá conseguir, de umjeito ou de outro.CONTRA CAPAOs banqueiros suíços ensinam como ganhar dinheiro em qualquer lugar do mundo. Você será sempre bemsucedido no mundo dos negócios se seguir estas regras:SOBRE RISCO – Preocupação não é doença, mas sinal de saúde. Se você não está preocupado, não estáarriscando o bastante.SOBRE MOBILIDADE – Evite lançar raízes. Tolhem seus movimentos.SOBRE INTUIÇÃO – Só se pode confiar num palpite que possa ser explicado.SOBRE ESPERANÇA – Quando o barco começa a afundar, não reze. Abandone-o.SOBRE PADRÕES - Até começar a parecer ordem, o caos não é perigoso.Logo depois da Segunda Guerra Mundial um grupo de banqueiros e empresários suíços resolveu ganhardinheiro investindo em várias frentes, de ações a imóveis, de mercadorias a moeda. Eles ganharam muito e setornaram um dos povos mais ricos do planeta. Aqui estão as regras infalíveis que estabeleceram para diminuir osriscos enquanto aumentavam cada vez mais os lucros. São 12 Axiomas principais e 16 secundários que seaplicam a qualquer tipo de investimento. Neles, o leitor encontrará a chave para investir com sucesso – à modasuíça.





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